As pessoas estão fingindo que estão lendo?

Vivemos em uma sociedade que faz de tudo para ter visibilidade, inclusive fingir comportamentos. A nova moda chama-se performative reading. Fingir que está lendo clássicos em público para parecer mais atraente?
Não importa se está na praia, no metrô ou em um café: basta fazer de conta que está lendo. Não é preciso gostar nem entender, apenas fingir.
Dizem que essa tendência começou em 2021, quando pessoas famosas passaram a liderar clubes de leitura, fazendo com que os livros fossem percebidos como acessórios de moda.
Há ainda quem vá além, comentando sobre o hábito moderno que faz as pessoas esquecerem 90% do que leem. Nessa linha, o performative reading baseia-se na ideia de ler apenas para poder contar aos outros que conseguiu terminar um número grande de livros e postar sobre isso.
Resumindo: ler virou estética?

“Eu realmente não entendo de onde surgiu a ideia de que ler um livro em público é performativo.” Essa é a tradução de um meme. Mas o ponto é válido: lá pela década de 1990 e começo dos anos 2000, não era incomum ver pessoas lendo em ônibus ou praças.
Mas chegamos a um ponto extremamente controverso. Sabe-se que os booktubers e afins aumentam o interesse de seus seguidores pela leitura; por outro lado, os dados de alfabetização e letramento em países como os EUA mostram uma piora na proficiência de crianças da quarta série em leitura.

E não apenas delas: segundo a Literacy Buffalo, as taxas de alfabetização de adultos continuam a cair, e 28% dos adultos nos EUA estão classificados nos níveis mais baixos de alfabetização — aproximadamente equivalente a um nível de leitura da 3ª série — em comparação com 19% em 2017.
No total, 54% dos americanos — mais de 130 milhões de pessoas — leem abaixo do nível da 6ª série.
Leia mais aqui: https://literacybuffalo.org/2025/01/23/adult-literacy-rates-are-falling-new-literacy-study-shows-big-problems/
Sinceramente, até ver sobre o tal performative reading, nunca me passou pela cabeça que alguém pudesse fingir estar lendo em público. Mas, considerando o quadro geral, pode sim ser uma realidade, e uma realidade que choca.